Wilson Avilla
João 1.43-51
Meditação
Quando lemos as histórias narradas nas Escrituras Sagradas é comum pensar que Deus fez realmente coisas impressionantes, em outras épocas, e foi maravilhoso para as pessoas envolvidas, mas isso não nos afeta porque não vivemos no mesmo mundo. Para justificar tal constatação, J. I. Packer, renomado teólogo anglicano inglês, argumenta que por não vermos pontos de ligação entre essas duas realidades somos tomados pelo pensamento recorrente de que a Bíblia não se aplica a nós. E, como acontece muitas vezes, quando os fatos são emocionantes e gloriosos, a sensação de estar excluídos deles nos deprime consideravelmente.
E por falar em histórias impressionantes, que dizer dos doze homens que atenderam ao convite de Jesus para segui-Lo? Além de darem guinadas em suas vidas, ajudaram a mudar o mundo e deixaram robustas biografias de fé.
Mas será que Jesus chamaria alguém como eu para ser seu discípulo? Sim, Ele chamaria! Não porque eu seja melhor ou mereça, mas por alguns motivos que estão evidentes no chamamento dos primeiros discípulos.
Tomando por base o relato do Evangelho de João, podemos ver que a história começa entre um pequeno círculo de conhecidos, talvez até amigos, de um lugar insignificante (Nazaré). Aliás, a história da revelação se faz com “gente comum”. No dia seguinte depois de apontar para Jesus como o “Cordeiro de Deus”, por ocasião do seu batismo, João Batista estava com dois de seus discípulos que, vendo Jesus passar, resolveram segui-Lo. Percebendo que era seguido, o Mestre olhou em volta e perguntou: “O que vocês querem?”
Jesus faz a mesma indagação hoje a quem O segue. Ele nos sonda porque conhece nossas motivações, as mais
íntimas, e não quer ser seguido por curiosidade ociosa ou interesses de mera religiosidade. Ele nos chama a relacionamentos pessoais. Ao aproximar-se de Natanael mostrando conhecimento sobre aspectos tão específicos de sua vida, Jesus apontou para a natureza desse chamado relacional.
Jesus me chama a reconhecê-Lo como o Messias. Esse foi o testemunho dado por André a Pedro, e por Natanael, de forma enfática. Passados vinte séculos, mais e mais pessoas influenciam amigos e conhecidos a declarar que encontraram o esperado ungido de Deus.
Jesus me chama a segui-Lo, a despeito de dificuldades. Não foram poucos os impedimentos e preconceitos enfrentados pelos discípulos. E ainda são incontáveis. Jesus me chama para uma caminhada com Ele que me leva a deixar o passado no seu devido lugar, atrás do presente e do futuro. Ele não encaminhou Seus novos amigos de volta a João Batista, mas os incentivou a continuar seguindo, em novas descobertas de fé.
Jesus me chama a testemunhar coisas grandiosas. Natanael ficou impressionado com o pouco que ouviu de Jesus, mas havia muito mais para ver. Vale para nós também. Meyer ensina que nós conhecemos Cristo como a Palavra, mas Ele é mais, é Espírito e Vida. Ele se tornou carne. Nós O contemplaremos glorificado em toda a sua plenitude. Nós O vimos na cruz, pela fé, e O veremos entronizado.
Voltando ao teólogo citado no começo desta reflexão, nossa ligação com variados personagens da Bíblia não se dá na dimensão do espaço, tempo ou cultura, mas pelo próprio Deus, que é o mesmo ontem, hoje e sempre.
Jesus me chama, é melhor segui-Lo!
Para ler também
Deuteronômio 18.15-19; Isaías 53; Daniel 7.13; Miqueias 5.2; Zacarias 9.9; Atos 10.11; Apocalipse 4.1; 19.11.
Para discutir em grupo
Sugestão de oração
“Senhor Deus, obrigado porque pessoas simples como nós foram chamadas para seguir Jesus. Nós reconhecemos, pela fé na Palavra de Deus que ainda hoje o Senhor chama pessoas para seguir o Mestre. Pedimos a tua ajuda para seguirmos fielmente os passos de Cristo, e também O comunicarmos a outros. Capacita-nos a superar os obstáculos, que não são poucos. Oramos em nome do Teu Filho Jesus! Amém!
Revisão 14/04/2021
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