N.13 - OS MESTRES PRECISAM APRENDER
Texto Bíblico: Lucas 2.41-52
Meditação
“Há mais coisas no céu e na terra, Horácio, do que foram sonhadas na sua filosofia.”
HAMLET, Ato I, Cena V (Shakespeare)
“Sei uma coisa: que nada sei”
Paradoxo socrático
OK, OK, você deve estar se perguntando o que Hamlet e Platão (discípulo de Sócrates e responsável, ao lado de Xenofonte, pelo registro e difusão do ensino do seu mestre) tem a ver com Jesus aprendendo no templo, afinal? Antes de responder essa pergunta, o texto de Lucas impõe algumas outras questões: 1) no texto da reflexão de hoje, quem ensina? 2) O fato desse evento ocorrer quando Jesus tinha doze anos seria uma coincidência? 3) Qual é a noção que Jesus tem de Si mesmo, nesse episódio?
Voltando para Hamlet, quando esse perturbado príncipe dinamarquês profere a famosa frase, o faz para ironizar o racionalismo do amigo Horácio, espantado com a aparição do fantasma do rei, o pai de] Hamlet, clamando por vingança contra seu assassino. Em tradução livre, a ironia de Hamlet soaria mais ou menos como “você ainda acredita que sabe tudo sobre tudo, Horácio?” O paradoxo socrático, por sua vez, aponta para a humildade consciente do homem sábio que, tendo adquirido profundo conhecimento, passa a discernir a própria ignorância. Discernir a própria ignorância quando confrontado pelo conhecimento. Eis a relação.
Lucas deixa claro que a interação com Jesus, adolescente, foi um evento marcante para seus interlocutores. Eles ficaram “maravilhados com seu entendimento e respostas” (v47). O termo utilizado por Lucas para “ficaram maravilhados” é ?ξ?σταντο (existanto), cujo significado é “ficar de tal maneira surpreso a ponto de perder a compostura mental.” Isso mostra que Jesus causou um impacto inesperado
em suas vidas. Sua sabedoria e graça eram notáveis, admiráveis.
Sobre o evento ocorrer aos doze anos, nenhuma coincidência. Todo menino judeu era obrigado a observar a lei a partir dos treze anos – uma transição de maturidade chamada, desde tempos mais recentes, de Bar-Mitzvah, cujo significado é “filho da aliança”. Essa atitude de Jesus deve ser considerada com muita admiração, pois Ele está, mais uma vez, demonstrando sua obediência amorosa ao Pai ao submeter-se à autoridade da Lei e cumprir seus requerimentos.
Por fim, a tônica da interação de Jesus com os mestres é evidenciada pela resposta dada à Maria, quando O questiona sobre as razões do seu “sumiço”: ““Por que vocês estavam me procurando? Não sabiam que eu devia estar na casa de meu Pai?”. Fica evidente, pela resposta de Jesus, a consciência que tinha de Si mesmo como Filho e Deus e a natureza de Sua missão na terra, já naquela ocasião.
Que cena impressionante! Que espetáculo necessário, pois nenhum conhecimento humano – não importa sua dimensão – faria, faz, fará sentido à parte da Revelação de Deus, o Senhor Jesus.
Leia também: Rm 1.28; 10.2; 1Co 1.18ss; Ef 4.13; Cl 2.2-3
Sugestões para Discussão em Grupo
Sugestão de Oração
Senhor, Tu és Grande e de Ti procede todo conhecimento verdadeiro e possível. Ajude-me a conhecer-Te melhor, a maravilhar-me com Tua Pessoa e, assim, conhecer-me melhor e viver para honrar-Te e servir-Te com minha vida e minha história. Amém.
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