N.89 - A PARÁBOLA DO PAI PRÓDIGO
TEXTO BÍBLICO
Lucas 15.11-32
MEDITAÇÃO
“A melhor de todas as pequenas narrativas”. Assim Charles Dickens¹ referiu-se à parábola do filho desatinado. Poucos, entretanto, atentam para o evento que levou o Mestre a contá-la. Diante das insistentes críticas dos fariseus, por sua proximidade com pecadores², Jesus continuou a mostrar que Deus se alegra em ‘achar’ pecadores arrependidos. Embora o nome da parábola seja muito discutido, quanto à sua propriedade (já que pródigo é o Pai, em amor), inquestionável é a figura do filho rebelde como uma representação de todos os que por rejeitarem a bondade do Pai Eterno estão em desgraça. A tragédia do jovem da parábola e de todos os que se voltam contra Deus resulta da incapacidade para fazer boas escolhas. O desejo de independência, tão característico em qualquer um de nós, leva um rapaz que nada teria para reclamar da vida a pensar que haveria algo melhor fora do seu lar, e dos cuidados paternos.
O pedido do moço ávido por aventuras é na verdade insultuoso. Teria ele direito à parte na herança (um terço), antecipadamente, apenas na hipótese da iminente morte do chefe da família. Atropelando a legalidade e a dignidade familiar, a arrogância das ações precipitadas é dirigida ao Pai com o ímpeto de quem se julga cheio de direitos diante de alguém maior.
O “dá-me” expressa a ruptura de uma condição segura, em troca de algo incerto e ruinoso. Obtendo o que tinha pedido, vai para um lugar distante. Agostinho chamou a ‘terra longínqua’ de ‘esquecimento de Deus’.
O clamor da humanidade, desde o pecado de Adão e Eva, é por independência, mas na vida do menino bem criado o resultado foi o mais baixo da intolerância social: cuidar de porcos, algo odioso não apenas para judeus, mas para muitas culturas do mundo antigo. O fundo do poço é sempre o melhor lugar para alguém que precisa cair em si, e tomar consciência do pecado. A mais primorosa definição para esse estado é ‘um peso de insanidade colocado sobre o pecado’. O fim da linha, ou seja lá a expressão que mais bem enquadra o lugar em que o homem finalmente reconhece sua miserabilidade, é também o lugar onde ele conclui que o problema é seu próprio pecado, e não Deus, ou os outros.
Arnot definiu bem o contraste entre os dois filhos (as poucas linhas não permitem uma atenção mais detida na postura do segundo, e no caráter inacabado da história): “Todos os excessos do filho pródigo não lhe fecharão a entrada do céu, pois ele veio arrependido até seu pai; mas todas as virtudes do irmão mais velho não poderão fazê-lo entrar no céu, pois ele acalentou o orgulho em seu coração, e escarneceu do Pai, por negligenciar o seu valor”.
Com qual filho nos identificamos?
LEIA TAMBÉM
Levítico 11.7; Deuteronômio 21.17; Salmos 51.4; João 14.6; Atos 20.37
PARA DISCUSSÃO EM GRUPO
Quais têm sido nossas reivindicações diante de Deus? Por que pensamos que temos direito a elas?
Quando reconhecemos que desagradamos a Deus, humildemente nos voltamos para Ele novamente, ou relutamos muito nesse processo?
Por que a atitude do outro filho é considerada inadequada?
SUGESTÃO DE ORAÇÃO
Senhor Deus, ajuda-me sempre a retornar à tua vontade, quando dela me afastar por autossuficiência, desejo de ‘liberdade’, ou qualquer outra que seja a incredulidade, reconhecendo teu amor de Pai, e tua graça manifesta em Cristo. Amém!
¹Escritor inglês da era vitoriana
²Lucas 15.1-3
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