N.97 - DUAS ORAÇÕES, DOIS DESTINOS

N.97 - DUAS ORAÇÕES, DOIS DESTINOS
 

TEXTO BÍBLICO
Lucas 18.9-14
 

MEDITAÇÃO

“O orgulho reivindica ser o autor daquilo que, na realidade, é um presente.”
TIMOTHY KELLER

“Ah! A vaidade é, definitivamente, o meu pecado favorito.”
JOHN MILTON (O Advogado do Diabo)

“DE DEUS EU NÃO MEREÇO sequer um figo podre!” Lembro-me da primeira vez que ouvi essa frase. Foi marcante e perturbador. Especialmente por ter sido pronunciada por alguém que tinha (e continua a ter) uma bela jornada de vida com Deus, marcada por piedade autêntica, dependência e integridade.

Porém, assim que lembrei das palavras de Paulo, em Gálatas (2.19ss), concordei imediatamente com essa forma peculiar de diagnosticar a meritocracia humana: “...quando procurei viver por meio da lei, ela me condenou. Portanto, morri para a lei a fim de viver para Deus. Fui crucificado com Cristo; assim, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim. Portanto, vivo neste corpo terreno pela fé no Filho de Deus, que me amou e se entregou por mim.”

Paulo sintetizou de maneira brilhante – através de seu testemunho pessoal – o ensino “lúdico” de Jesus sobre os critérios de Deus para acolher as pessoas e fazer-lhes justiça. Se com a parábola da viúva, fomos ensinados sobre a necessidade da persistência, com a parábola do fariseu e do cobrador de impostos, aprendemos que confiar nos próprios méritos para ser acolhido, perdoado e justificado por Deus é um negócio para lá de ruim, que não corre o risco de dar certo.

A cena descrita por Jesus é cristalina: dois homens chegam ao templo para apresentarem-se a Deus. O primeiro deles, o fariseu, absolutamente religioso e conhecedor dos preceitos da Lei e cheio de empáfia, ufana-se de sua superioridade religiosa, moral e ética, quase como se dissesse para Deus: “Está vendo que bom negócio fazes, Ó Todo-Poderoso, em ser meu amigo? Comparado aos demais seres humanos sou muito superior; e se me comparares a esse cobrador de impostos desprezível, aqui do lado, esse traidor do próprio povo, daí minha reputação fará teu queixinho divino tremer, Nobre Soberano.”

O cobrador de impostos, por sua vez, está rendido, contrito e quebrantado: “Deus tem misericórdia de mim, pois sou pecador.” Sua confissão/desabafo/clamor é simples, eficiente e tocante. Ele admite a falência de seus recursos, “sou pecador”, ao mesmo tempo em que pede a Deus que lhe trate com clemência, não lhe retribuindo segundo o que de fato merece. A beleza dessa fala reside justamente nisso: a misericórdia se apoia nos méritos de quem a oferece, e não de quem clama por ela.

A régua de Deus é por demais alta, sendo definida por Sua dignidade santa, infinita e perfeita. Qualquer ser humano é insuficiente para “performa-la” 100% das vezes, 100% do tempo. Essa é a razão de homens e mulheres necessitarem de salvação da parte de Deus. É por isso que precisam de Jesus. É por isso que precisam se arrepender.

Jesus deixa claro que os dois homens saíram daquele momento, diante de Deus, por portas distintas, trilhando caminhos diferentes.

O primeiro seguiu na ilusão de que sua justiça própria lhe conferia aprovação divina. Satisfeito consigo mesmo, selou seu caminho trágico para longe de Deus. O segundo, desiludido (literalmente) sobre si, clamou pelos méritos de Deus, contando com sua misericórdia para ser justificado.

Foi o único que saiu dali presenteado. E não era um figo podre.

LEIA TAMBÉM
Pv 30.12; Is 64.6; Rm 13.2; 14.10; Gl 2.19ss

PARA DISCUSSÃO EM GRUPO

• O que significa ser salvo, justificado?

• Por que o homem não pode ser salvo pelos seus próprios méritos? Por que não existem ou por que são insuficientes suficientes?

• O que um homem ou uma mulher precisam fazer para receber perdão e justificação da parte de Deus?

• Como você se dirige a Deus em suas orações? De alguma forma você tenta barganhar com Ele, como se pudesse oferecer-Lhe algo que Ele não possui em troca do que pretende?

SUGESTÃO DE ORAÇÃO
Senhor, muito obrigado por Tua clemência para comigo. Obrigado por me conceder tantas coisas maravilhosas que jamais mereci ou virei a merecer: reconciliação, paz e amizade contigo; senso de pertencimento real; propósito eterno; missão e tantas outras coisas, necessárias para a manutenção do meu testemunho neste mundo.

A Ti toda glória!
Obrigado!
Amém.

BÔNUS

É POR TUA GRAÇA (És por Tu Gracia)
Jesus Adrian Romero

Quando ninguém me vê, lá na intimidade
Onde não posso falar mais do que a verdade
Onde não há aparências
Onde descoberto fica o meu coração

Ali, sou sincero, ali, minha aparência de piedade se vai
Ali é Tua graça o que conta
Teu perdão o que sustenta para estar de pé

E não poderia encarar-Te se não fosse porque sou
revestido pela graça e a justiça do Senhor
Se me vissem tal qual sou, entenderiam que é Jesus
o que viram refletido em mim foi somente Sua luz

É por Tua graça e Teu perdão
Que podemos ser chamados de instrumentos do Teu amor
É por Tua graça e Teu perdão
Minha justiça está distante de Tua perfeição.